Auxílio Brasil deixa 8 milhões de “invisíveis” de fora

Pelo menos 8,3 milhões de pessoas teriam direito a pedir o auxílio se houvesse correção integral do valor que define linha de pobreza pela inflação desde 2004

O Auxílio Brasil, principal programa social do país, contemplará cerca de 20,2 milhões de famílias com R$ 600 a partir da próxima terça-feira (9). Ao todo, serão 56,4 milhões de pessoas beneficiadas, ou seja, 26% da população brasileira.

Esse número bate de frente com a pobreza presente em grandes cidades do Brasil, onde há, pelo menos, 8,3 milhões “invisíveis”. Isto é, brasileiros que teriam direito ao auxílio se houvesse a correção integral do valor que marca a linha da pobreza pela inflação desde 2004, época em que se institucionalizou o Bolsa Família.

De acordo com cálculos realizados pelos economistas Alysson Portella e Sergio Firpo, do Insper, instituição sem fins lucrativos de ensino superior em negócios, direito e engenharia, a pedido do jornal O Globo, as linhas de pobreza e de extrema pobreza estão ultrapassadas.

Enquanto a primeira definição inclui quem tem uma renda per capital familiar mensal de R$ 210, a segunda abarca famílias que ganham por volta de R$ 105. Esses números eram, respectivamente, R$ 100 e R$ 50 em janeiro de 2004.

Essas linhas pulariam para R$ 143 e R$ 287 com a reposição inflacionária pelo IPCA na época. Com a correção menor que a inflação, o número de famílias que não pode pedir o benefício por ter renda per capita de R$ 210 a R$ 287 é de 8.265.501.

Auxílio Brasil de R$ 600 é insuficiente para grande parte da população

Pesquisa feita pelo Datafolha em 183 cidades aponta que, apesar de o Auxílio Brasil passar a ser de R$ 600, o valor segue não sendo suficiente para mais da metade dos beneficiários. O instituto ouviu presencialmente 2.556 pessoas e a margem de erro é de dois pontos para cima ou para baixo.

O levantamento aponta que para 56% dos eleitores o valor, que passou de R$ 400 para R$ 600, ainda não é o suficiente. Enquanto isso, 38% avaliam como suficiente e 8% dizem ser mais do que suficiente. Antes do aumento de R$ 200, a porcentagem de pessoas que julgavam o valor insuficiente era 69%.

*Com informações do jornal O Globo.

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