7 de setembro: por que hoje é um dia decisivo para democracia do Brasil

o 7 de setembro de 2022 é histórico antes mesmo do dia ter começado. Uma série de eventos políticos, somados às tensões por conta das Eleições 2022, fazem da data um momento decisivo não apenas na corrida eleitoral, mas, principalmente, para servir de termômetro das relações entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e as instituições democráticas.

Como começaram as tensões para o 7 de setembro?

A comemoração do 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil, foi cercada de polêmicas em todos os anos do governo Bolsonaro (2019 até o momento).

Em 2021, porém, uma série de declarações golpistas de Bolsonaro ao longo da data e dúvidas quanto aos gastos do presidente para o mega evento que ele promoveu na data deram pontapé a uma polêmica que se arrastou até 2022.

Mas sobre esse ano, exatamente, o estopim pode ser considerado o ato que deverá acontecer nesta quarta-feira em Copacabana, no Rio de Janeiro.

O presidente e candidato à reeleição surpreendeu a todos — inclusive militares — quando anunciou desfile cívico na data na orla do bairro carioca, local que é marcante para manifestações bolsonaristas na cidade.

Começava ali uma série de idas e vindas sobre a realização do evento e o pontapé para polêmicas envolvendo a data havia sido dado.

Quais ameaças golpistas já foram feitas

Com a escalada da tensão, escalam também as ameaças que têm como principais alvos as instituições democráticas do Brasil — quando não a própria democracia.

A maior parte delas acontece de grupos de apoio ao presidente Bolsonaro. Em 2021, ele próprio admitiu ter “exagerado” no tom ao pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em meio às cerimônias da Independência naquele ano.

WhatsApp vira “ponto de encontro golpista”

Para falar nas ameaças golpistas, no entanto, temos de voltar alguns meses no tempo neste mesmo 2022 e encontrar o polêmico caso de empresários que, em grupo de WhatsApp, promoveram seus anseios de que o Brasil se tornasse uma ditadura em caso de vitória petista nas eleições.

Bolsonaro, na época, chegou a falar que se tratava de fake news mesmo com os empresários confirmando as mensagens (confira aqui a checagem feita pelo Yahoo Notícias).

Na véspera da Independência, no entanto, os convidou para estar lado a lado com ele nos desfiles do 7 de setembro – “Se não conseguirem ir em Brasília, vão no Rio”, afirmou o presidente ao fazer o convite.

Aumento de 290% em menções ao 7 de setembro no WhatsApp

E é o próprio WhatsApp que tem servido, virtualmente, para a criação de um ambiente golpista no 7 de setembro. A circulação de mensagens com menções ao 7 de Setembro em grupos de WhatsApp explodiu na última semana de julho, com crescimento de 290% em comparação com o mesmo período de junho, aponta levantamento do Monitor de WhatsApp da UFMG, por exemplo.

Dentre os mil grupos públicos de WhatsApp monitorados pela UFMG, 469 enviaram mensagens relacionadas ao 7 de setembro entre 1º de junho e 1º de agosto.

Aliados de Bolsonaro temem que ameaças afetem campanha

Com a proximidade das Eleições, o presidente Bolsonaro já subiu diversas vezes o tom para espalhar fake news sobre as urnas eletrônicas e o sistema de votação e apuração brasileiro. O 7 de setembro pode ser o palco ideal para que ele volte a repetir esse discurso. E isso preocupa bastante aliados políticos do candidato à reeleição.

A avaliação entre aliados do mandatário é que usar o Bicentenário da Independência para tentar repetir os ataques contra ministros do STF e para espalhar teorias da conspiração sobre o sistema eletrônico de votação pode ser um tiro no pé em termos de campanha política.

Supremo é o alvo mais constante de ameaças

Além das urnas eletrônicas, um dos alvos preferidos de quem profere discursos golpistas é o Supremo Tribunal Federal. Na véspera do 7 de setembro, inclusive, vazou informação que, novamente por WhatsApp, policiais combinam apoiar Bolsonaro alvejando com tiros o prédio do STF. Não a toa, o Poder está tomando diversas medidas para prevenir qualquer consequência violenta.

Quais medidas de segurança o STF adotou?

Como visto, o STF tem sido um dos alvos preferidos dos golpistas, seja em ameaças contra o Poder ou contra os ministros pessoalmente. Alexandre de Moraes, que neste ano assumiu o TSE, inclusive já subiu o tom algumas vezes contra falas golpistas em pouco menos de um mês no qual ocupa o cargo. Por conta disso, o Supremo terá uma rotina diferente neste 7 de setembro, com várias novas medidas de proteção.

Como será o 7 de setembro no STF?

Foi feito um protocolo de ação para evitar que apoiadores radicais do chefe do Executivo tentem furar o bloqueio feito pelos órgãos de segurança na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Entre outros, os ministros do STF contam inclusive com plano de resgate caso sejam sequestrados.

O que acontecerá para reforçar a segurança:

Aumento de 70% no efetivo policial em relação a 2021

47 vigilantes armados

98 vigilantes sem armas

100% do efetivo disponível para segurança do STF escalado

Aumento do efetivo com policiais “emprestados” de outros poderes

Agentes equipados com diferentes tipos de armamentos, como tasers e submetralhadoras

Barreira anti drones

Um grupo de proteção da Polícia Judicial para cada ministro do STF caso esteja em Brasília

Por que haverá barreira anti drones do STF?

Uma barreira anti drone, com sensores capazes de detectar o equipamento, será instalada ao redor do Supremo como parte do esquema de segurança do 7 de Setembro em Brasília. A medida não foi detalhada por questões de segurança, mas visa evitar que ataques aéreos aconteçam diretamente contra o prédio do STF.

Afinal, Bolsonaro irá para o Rio de Janeiro?

Sim. Depois de muita polêmica, o presidente e candidato à reeleição estará no Rio para participar de evento pelo 7 de setembro. Inclusive, chegará ao local em uma motociata. Ele deverá sair às 13h22 – uma referência ao número do seu partido – do Monumento dos Pracinhas, no Centro da capital fluminense, em direção ao Forte de Copacabana, onde ocorre um evento das Forças Armadas.

A manifestação contará com trios elétricos e palanque. Antes, o ato estava marcado para acontecer em frente ao hotel Copacabana Palace, mas a concentração será no posto cinco, que fica a um quilômetro do Forte.

Quem são os extremistas fichados na PF por incitarem ataques

Ao menos 25 militantes e canais fichados na polícia por ações extremistas e divulgação de notícias falsas estão na linha de frente da mobilização para o 7 de Setembro, Dia da Independência.

Segundo reportagem divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o grupo de radiciais, que têm 30 milhões de seguidores, incentiva que as pessoas vão às ruas no feriado, fala em mortes entre “inimigos do Brasil”, “expulsar demônios”, além do fim dos “discursos moderados” contra a tirania.

Veja quem são os extremistas fichados na PF:

Cleitomar Basso – Foco do Brasil
Adilson Nelson Dini – Ravox
Alberto Junio Da Silva – O Giro de Notícias
Camila Abdo Leite Do Amaral Calvo
Emerson Teixeira De Andrade – Professor Opressor
Fernando Lisboa Da Conceição – Vlog Do Lisboa
Bernardo Kuster – Brasil sem Medo
Folha Política
Jornal Da Cidade On Line
Oswaldo Eustáquio
Roberto Boni – Canal Universo
Allan dos Santos
Terça Livre
Enzo Leonardo Suzi – Enzuh
Marcus Bellizia – Movimento nas Ruas
Rafael Moreno – Movimento Brasil Monarquista
Carla Zambelli – deputada
Filipe Barros – deputado
Luiz Phellipe Orleans e Bragança -deputado
Dileta Corrêa – Invadiu a Câmara em 2016
Davi Benedito – Invadiu a Câmara em 2016
Cabo Corrêa – Invadiu a Câmara em 2016
Jorge Ares – Invadiu a Câmara em 2016
Marilene D’Ottaviano – Invadiu a Câmara em 2016
Roberto Jefferson – Candidato à presidência com registro cassado pelo TSE

Como foi o criticado 7 de setembro de 2021?

Em 2021, Bolsonaro usou de espaço em carro de som na Praça dos Três Poderes, em Brasília, para ameaçar indiretamente e sem citações o Supremo Tribunal Federal.

“Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Que nós valorizamos e reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair”, afirmou o presidente em discurso inflamado.

Logo após a frase acima, os apoiadores do presidente iniciaram uma sequência de gritos “Fora STF!”. O discurso de Bolsonaro teve como alvo Luiz Fux, presidente do Supremo, além dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Bolsonaro admitiu que “exagerou”

Algumas semanas após as falas, Bolsonaro afirmou que “extrapolou em algumas coisas que falou” nos atos de 7 de Setembro de 2021 e que foi procurado pelo ex-presidente Michel Temer para “dar uma acalmada” no clima tenso.

“Depois das manifestações de 7 de setembro, houve a reação do STF. Teve o telefonema do Temer, ele falou para mim: “O que a gente pode fazer para dar uma acalmada?”. Respondi que o que eu mais queria era acalmar tudo”, destacou o presidente sobre as conversas com Temer.

Temer escreveu carta e caçoou de Bolsonaro depois

O ex-presidente acabou sendo a “tropa de choque” de Bolsonaro após as declarações golpistas que o mandatário classificou apenas como “exageradas”. Primeiro, escreveu carta à nação que foi apenas assinada e divulgada por Bolsonaro como sendo dele. Depois, em encontro com políticos, riu ao ver imitação do presidente falando sobre a carta. A repercussão negativa das risada fez, inclusive, Temer ligar para Bolsonaro se desculpando.

Povo achou o 7 de setembro de 2021 “murcho”

Todo o clima golpista criado por Bolsonaro e a expectativa por se tratar de um dos primeiros eventos “normais” após a pandemia fez com que se esperasse muito dos atos de 7 de setembro de 2021. Mas não foi isso que se viu.

Para 48% dos brasileiros, os atos realizados pelos apoiadores do presidente no 7 de setembro do ano passado foram menores do que o esperado.

As informações são do Yahoo.

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